Desistir não é coisa feia

Vem cá, me diz uma coisa: você, assim como inúmeras pessoas, considera que desistir não é uma opção? Pra você, trata-se de algo fora de cogitação em qualquer tempo ou situação?

Levou um tempo para responder as perguntas ou respondeu de imediato, sem titubear? Ainda que tenha respondido de súbito, pela mera opinião já concebida, quero te fazer um convite. Releia as questões e reflita com um pouco mais de profundidade a respeito delas. Olhe para dentro de você. Recorde o seu percurso de vida até este exato momento. 

A minha provocação se dá pela ligeira impressão de que ouvimos os conselhos alheios e, sem que ponderemos sobre eles, saímos por aí reproduzindo frases prontas. 

Penso que não há nada de errado ou vergonhoso na desistência. Custo a entender o motivo pelo qual o verbo desistir soa tão negativo às pessoas. Se alguém indagar-me sobre a minha opinião, direi: depende.

Desistir, por significado, pressupõe abrir mão de algo, não prosseguir, abdicar, renunciar. E daí, já me causa a sensação de incompletude. Sim, porque se pensarmos bem, por vezes, desistimos daquilo que sequer chegamos a alcançar. Sendo assim, neste caso, a desistência não se traduz em perda, a não ser de tempo, ocasionada na verdade pela insistência desmedida. 

O que quero dizer é que defendo o direito de desistir quando bem entendermos que é o melhor para nós. Sem peso, pressão ou culpa. Porque desistir é, sim, uma opção. Às vezes, a melhor, inclusive. 

Que fique claro que não estou dizendo que está proibido tentar ou até insistir. Digo apenas que cada um conhece o seu limite, suas dores, e sabe até onde pode ir. Ainda que muitas vezes possamos mais do que imaginamos. 

Assim, se você está vivendo uma situação que não te faz bem, que te agride, te invade, te limita, te priva de ser quem é ou não reflete a sua verdade, desistir é um caminho possível. 

Se você está lutando incansavelmente por algo e já tentou de diversas formas sem êxito, desistir talvez seja apenas uma oportunidade de mudar o foco e traçar outro rumo para aquilo que simplesmente flua. Por que ficamos presos à crença de que, se não for com luta, suor, lágrimas e sangue, não será? 

Não existe certo e errado. Apenas siga o seu coração. Se ele te guiar pelo trajeto da tentativa, vá e tente até achar que dá e, se chegando neste ponto sentir que ainda tem fôlego para ir além, prossiga. 

Agora, se você já fez o que estava ao seu alcance e mesmo assim não rolou, não melhorou, não mudou, e você sente que já deu o que tinha pra dar, tudo bem também. Aceita. Nem sempre o que queremos é o melhor pra nós. 

Desistir não te faz menos forte. Também não te faz covarde. Todo fim dá sopro a um recomeço. Você pode desistir de tudo, menos de VOCÊ! 

Por Patricia Limeres

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