Eu vou pra balada sozinha. E daí?
Sempre fui muito independente, mesmo quando dependia de outros. E ao dizer isso refiro-me, antes de qualquer outra coisa, à minha postura, atitude e iniciativa. Sempre tomei à frente para decidir ou resolver situações. Depender de outros incomodava-me e ainda incomoda, confesso.
Com o tempo, descobri que a dependência relativizada é inevitável. Afinal, estamos frequentemente dependendo de outros. É impossível fazer tudo sozinho e nem tudo depende unicamente de nós mesmos. No entanto, ainda assim era-me desconfortável o fato de não ser independente em tempo integral.
Talvez esse meu modo de pensar e agir se dê ao fato de minha mãe ter sido rigorosa quanto a minha educação e formação, assim como a de minhas irmãs. Hoje, a agradeço todos os dias por isso. Sou a caçula da família. E, ao mesmo tempo em que tive, sim, o privilégio do mimo, ser a caçula também era um problema, pois quando minhas irmãs estavam entrando na adolescência, eu ainda era criança. E quem já viveu esse drama sabe do que estou falando: eu era excluída das brincadeiras delas.
Mais tarde, quando elas já estavam passando para a fase adulta, eu ainda estava no meio da adolescência. Assim, eu ainda era muito jovem para participar dos programas delas. Somado a isso, tinha o fator de que minha mãe só me deixava sair se fosse com elas ou com minhas primas. Com as amigas da escola? Nem pensar!
A partir dessas limitações, passei a detestar a dependência mais que tudo. À medida das possibilidades, passei a evitá-la ao máximo. E, hoje, sou o que sou graças a essa estratégia de independência passo a passo.
Quando digo às pessoas que viajo sozinha, algumas me consideram corajosa. Já outras, consideram normal, pois também já fizeram isso; Quando digo que vou ao cinema sozinha numa boa, as pessoas torcem o nariz e a maioria delas comenta que considera triste ir ao cinema sem companhia.
Mas, o que mais causa impacto nas pessoas é dizer que vou para a balada sozinha. Em 99% dos casos, arregalam os olhos e dizem: “como assim?”. Algumas duvidam. Outras ficam chocadas. Tem também as que acham engraçado. Todas, sem exceção, ficam surpresas, para não dizer passadas.
Até hoje, não encontrei nenhuma mulher que faça o mesmo. Que saia sozinha simplesmente porque quer sair. Aliás, não conheci nenhuma que faça algo próximo ou similar. Minto, na realidade, eu tenho uma única amiga que faz algo parecido de vez em quando. E, agora, refletindo a respeito, chego à conclusão de que eu é quem deveria ficar surpresa.
Por que precisamos de alguém para fazer o que queremos fazer por nós mesmas? (e isso vale para os homens também, mas enfatizei as mulheres porque eles estão um pouco à nossa frente nesse sentido).
Essas reações que descrevi são as oriundas de pessoas conhecidas e já são, diga-se de passagem, ruins o suficiente. Pois, então, nem queira saber as reações dos estranhos. A maioria não fala com palavras, grita em silêncio mesmo. Péssimo!
Mas há situações bem piores. Por exemplo, na balada propriamente dita, quando as mulheres percebem que estou sozinha, é comum começarem a me olhar torto, de lado, sabe? Os homens, em contrapartida, normalmente ficam me filmando por todos os ângulos e fazem todos os recortes possíveis, numa mescla de desconfiança e animação.
É isso mesmo que está pensando. As pessoas cogitam que sou “garota de programa”. Tiram conclusões pelo simples fato de alguém estar na balada sozinha e com uma cerveja ou drink na mão. Não é sempre que acontece, mas acontece.
Num mundo tão moderno e cheio de permissões e liberdades, ir à balada sozinha é aberração, absurdo!!! O ser humano é mesmo muito hipócrita.
Eu sou o que os “moderninhos” chamam de “careta”. Sou mesmo! Nunca fumei nada, sequer experimentei cigarro; não uso, nem nunca experimentei nenhum tipo de droga e não é por nada, não. É pelo simples fato de saber que não faria bem. Como disse antes, não curto dependência.
Eu curto é dançar, ouvir música. Bebo socialmente também. Por tudo isso, vou à balada, sozinha ou acompanhada. Para mim, tanto faz. Divirto-me do mesmo jeito. Até porque, cá entre nós, a primeira melhor companhia que a gente pode ter é a nossa própria. Quer saber se vou sempre? Não. Apenas quando sinto vontade. E não deixo de ir por conta da suposição do outro. A minha conduta é a minha conduta e fala por si.
Por PATRICIA LIMERES – em 19 de janeiro de 2011.
Com o tempo, descobri que a dependência relativizada é inevitável. Afinal, estamos frequentemente dependendo de outros. É impossível fazer tudo sozinho e nem tudo depende unicamente de nós mesmos. No entanto, ainda assim era-me desconfortável o fato de não ser independente em tempo integral.
Talvez esse meu modo de pensar e agir se dê ao fato de minha mãe ter sido rigorosa quanto a minha educação e formação, assim como a de minhas irmãs. Hoje, a agradeço todos os dias por isso. Sou a caçula da família. E, ao mesmo tempo em que tive, sim, o privilégio do mimo, ser a caçula também era um problema, pois quando minhas irmãs estavam entrando na adolescência, eu ainda era criança. E quem já viveu esse drama sabe do que estou falando: eu era excluída das brincadeiras delas.
Mais tarde, quando elas já estavam passando para a fase adulta, eu ainda estava no meio da adolescência. Assim, eu ainda era muito jovem para participar dos programas delas. Somado a isso, tinha o fator de que minha mãe só me deixava sair se fosse com elas ou com minhas primas. Com as amigas da escola? Nem pensar!
A partir dessas limitações, passei a detestar a dependência mais que tudo. À medida das possibilidades, passei a evitá-la ao máximo. E, hoje, sou o que sou graças a essa estratégia de independência passo a passo.
Quando digo às pessoas que viajo sozinha, algumas me consideram corajosa. Já outras, consideram normal, pois também já fizeram isso; Quando digo que vou ao cinema sozinha numa boa, as pessoas torcem o nariz e a maioria delas comenta que considera triste ir ao cinema sem companhia.
Mas, o que mais causa impacto nas pessoas é dizer que vou para a balada sozinha. Em 99% dos casos, arregalam os olhos e dizem: “como assim?”. Algumas duvidam. Outras ficam chocadas. Tem também as que acham engraçado. Todas, sem exceção, ficam surpresas, para não dizer passadas.
Até hoje, não encontrei nenhuma mulher que faça o mesmo. Que saia sozinha simplesmente porque quer sair. Aliás, não conheci nenhuma que faça algo próximo ou similar. Minto, na realidade, eu tenho uma única amiga que faz algo parecido de vez em quando. E, agora, refletindo a respeito, chego à conclusão de que eu é quem deveria ficar surpresa.
Por que precisamos de alguém para fazer o que queremos fazer por nós mesmas? (e isso vale para os homens também, mas enfatizei as mulheres porque eles estão um pouco à nossa frente nesse sentido).
Essas reações que descrevi são as oriundas de pessoas conhecidas e já são, diga-se de passagem, ruins o suficiente. Pois, então, nem queira saber as reações dos estranhos. A maioria não fala com palavras, grita em silêncio mesmo. Péssimo!
Mas há situações bem piores. Por exemplo, na balada propriamente dita, quando as mulheres percebem que estou sozinha, é comum começarem a me olhar torto, de lado, sabe? Os homens, em contrapartida, normalmente ficam me filmando por todos os ângulos e fazem todos os recortes possíveis, numa mescla de desconfiança e animação.
É isso mesmo que está pensando. As pessoas cogitam que sou “garota de programa”. Tiram conclusões pelo simples fato de alguém estar na balada sozinha e com uma cerveja ou drink na mão. Não é sempre que acontece, mas acontece.
Num mundo tão moderno e cheio de permissões e liberdades, ir à balada sozinha é aberração, absurdo!!! O ser humano é mesmo muito hipócrita.
Eu sou o que os “moderninhos” chamam de “careta”. Sou mesmo! Nunca fumei nada, sequer experimentei cigarro; não uso, nem nunca experimentei nenhum tipo de droga e não é por nada, não. É pelo simples fato de saber que não faria bem. Como disse antes, não curto dependência.
Eu curto é dançar, ouvir música. Bebo socialmente também. Por tudo isso, vou à balada, sozinha ou acompanhada. Para mim, tanto faz. Divirto-me do mesmo jeito. Até porque, cá entre nós, a primeira melhor companhia que a gente pode ter é a nossa própria. Quer saber se vou sempre? Não. Apenas quando sinto vontade. E não deixo de ir por conta da suposição do outro. A minha conduta é a minha conduta e fala por si.
Por PATRICIA LIMERES – em 19 de janeiro de 2011.
Comentários
legal você comentar. Agradeço.
Quanto ao seu comentário...louco isso, né?
Incrível como vivemos no século XXI e ainda tem gente se preocupando com coisas tão pequenas.
Da próxima vez, vá! Você não vai se arrepender. Até porque, muitas vezes, a nossa companhia é a melhor que podemos ter.
Abraço,
Patricia
Big beijo, amiga.
Saudades...To chegando...
Bjs
Rick
Eu sempre vou ler rs
fico feliz que tenha lido e que leia sempre.
beijosss
Bjs Rick
Adorei o post! Eu tbem sou independente, e odeio depender dos outros. Minhas amigas ou estao namorando ou nao gostam de ir para balada. Hoje to super afim de sair, mas nao tenho cia, seu post me inspirou, vou ver se crio coragem e vou p balada sozinha...
anime-se! E vá! Depois que se arriscar pela primeira vez, se perguntará porque não fez isso antes.
Depois de viver a experiência, compartilhe com a gente como foi, ok?
Abraço e obrigada pelo comentário.
Eu além de ir para a balada sozinha, quando saio da balada e estou com fome ainda vou sozinha em "point" onde o pessoal come antes de ir para casa!! E sempre me divirto muito.Eu tenho dúvidas ás vezes, mas hj é um dia que ainda não estava 100%.. mas lendo vc... vou de novo!! rsrss
grata surpresa tive eu, ao ler seu comentário. É bom saber que não sou tão "fora do comum", como me senti por muitas vezes nessas ocasiões em que me senti no direito de ser dependente apenas de mim.
Espero que visite o blog mais vezes e comente sempre que quiser...adoro ler sobre as impressões e experiências dos leitores das minhas inquietações.
Obrigada!
Estou vivendo este "dilema", refletindo se devou ou não devo ir. Tenho uma balada para ir perto de casa, mas às vezes, sinto-me "amarrada", me falta uma certa coragem... Mas me senti melhor ao ler teu texto e isso me inspirou. Viajar sozinha já viajei, não ligo, mas quando se trata em ir à uma festa ou uma balada sozinha, confesso que às vezes não sinto-me à vontade, pois tenho medo de que alguma coisa possa acontecer ou do que os os outros irão pensar de mim. Mas vou repensar este assunto.
Muito obrigada! E tudo de bom para você!
compreendo as suas colocações. A "neura" do o que os outros pensam sobre nós costuma nos acompanhar com certa frequência. Um dia li uma frase da qual gostei muito e que adotei para levar comigo para sempre: "o que os outros pensam a seu respeito não é da sua conta"...rs. É bem por aí.
Não nascemos grudados a ninguém. Portanto...libertemo-nos das convenções. Sejamos objeto da nossa própria diversão, de quando em quando.
Beijo e obrigada pelo carinhoso comentário.
Obrigada pela tua atenção! Fui e não me arrependi! Vc tem toda razão! Desde que possamos nos divertir sem prejudicar ninguém, que mal tem?
Grande abraço e parabéns pelo teu blog!
Vale a pena ariscar.
Beijos
espero que tenha ido e tenha curtido, já que estava com vontade de sair e se divertir. Não é preciso "ter coragem" é preciso apenas iniciativa e atitude. A hora para ser feliz é agora e a nossa felicidade depende inicialmente de nós. Vou esperar seu comentário de como foi a sua aventura sozinha na balada.
Jéssica,
como fico contente em saber que, assim como eu, existem outras mulheres que realizam suas próprias vontades.
Obrigada pelo comentário.
Todas as minhas amigas estão namorando e eu fiquei compltamente sem compania pra sair,então pensei em ir sozinha mas faltou coragem o que os outros vão pensar!? fiz uma pesquisa no google p ver se existia alguém assim como eu e me surpreendi ao ver que isso é mais comum do que parece, amanha é sábado e vou me arriscar a ir sozinha mesmo.Afinal E DAí??
exatamente, e daí?
Faça o que sentir vontade. Garanto: você não vai se arrepender.
beijos
faz muito bem! Saia sim. Divirta-se sim! Ver gente, ouvir música, dançar sempre faz bem. Eu apoio!!!
Hj tentei sair de novo com as amigas para dançar, mas eis que não deu certo de novo: elas queriam fazer algo diferente do que eu realmente queria, e, por algum medo ou insegurança, me deixei ser "levada" a fazer alguma coisa de que realmente não estava a fim! Essa sensação de "ser levada" e não fazer o que realmente se quer fazer me deixou maluca!!!! Em vários aspectos da vida eu sempre fiz o que queria e decidia minha própria vida, porque nessa área tb não? Sexta que vem eu prometo que vou sozinha.
Eu tenho uma amiga que começou saindo à noite sozinha, e acabou fazendo amigas, que gostavam da mesma casa, e TAMBÉM IAM PARA LÁ SOZINHAS, e hj elas vão sempre juntas pra mesma balada. Acho que, uma vez que a gente comece a sair sozinhas, começaremos a encontrar outras pessoas na mesma situação que a gente, e, quem sabe, faremos mais amizades justamente por causa disso.
O engraçado é que hj tb estava pensando que boa parte dos meus ex e rolos que conheci na balada ESTAVAM SOZINHOS, e chegaram lá sozinhos, ou seja, isso não é tão raro assim! É apenas uma pecha que cai sobre as mulheres, mas acho que a gente tem que começar a se soltar mais e fazer o que se quer.
o importante é fazer o que tem vontade. O que acontecer após a decisão de se divertir, ainda que sozinha, é consequência. E, normalmente, as consequências são boas...positivas.
Boa sorte na jornada!!!!
as pessoas sempre custam a acreditar...rs. Fato!!!
Mas é bom demais...assim mesmo.
beijo e obrigada!
Penso assim como vc. Também sou muito independente, ja fui ao cinema sozinha, ao shopping, mas ainda não fui a uma balada. Assim que eu tiver oportunidade eu vou!
Concordo demais com você quando você diz que o ser humano é hipócrita, penso nisso todos os dias.
No mais, se um dia quiser cia tbm, sou "pau para qualquer obra"...kkkk
Abraços.
Talvez isso esteja ligado ao fato de eu ser uma pessoa timida. Enfim. O fato é que não deveria haver pressão social nestes ambientes de descontração.
Patricia
Patricia
Estou me separando e a anos não saio, então não tenho ideia de balada para ir sozinha, dançar, conhecer pessoas.Gostaria que você me desse uma dica de balada em São Paulo.
Beijo
bom...costumo dizer que para tudo é preciso um primeiro passo. Eu te aconselho a ir para algum lugar que tenha música ao vivo.
Eu sou da Baixada Santista, mas conheço alguns lugares bem legais em São Paulo. Conhece o Kiaora? É um pub excelente...boa música, gente bonita. Vá!!! Misture-se! Sorriso no rosto e curta!!! Você vai se sentir outra. Garanto!!!
Depois me conte como foi...adoro ler os depoimentos.
Beijos
só tenho uma coisa a dizer: vou esperar que me conte tudo. É sério...só quem vive essa experiência sabe o que representa. Sair rodeado de pessoas é uma delícia...também adoro, mas sair sozinho(a) é libertador. Todo mundo precisava fazer isso ao menos uma vez na vida...na minha singela opinião. Vá e conte-me como foi. Vou esperar...
Patricia
valeu pela visita e pelo comentário. É sempre muito bacana saber que existem outras pessoas que vão sozinhas para a balada sem traumas ou dramas...rs.
Parabéns para nós!!!
Att, Suelen Rodrigues
Att, Suelen Rodrigues
seja bem-vinda ao clube, então!!! Eu, particularmente, curto muito sair sozinha. Há um novo blog meu com o título desse texto...no qual eu postei um em que falo justamente que, às vezes, recuso companhia para sair sozinha mesmo...rs. Vai me entender...
Agradeço a visita e volte sempre!!!
beijos
Patricia Limeres
Olha, eu fui uma vez só a uma balada, com amigas. Mas elas são mais caseiras e não curtiram, eu gostei muito...
Me mudei de cidade uns anos, perdi contato com TODAS e agora voltei, estou sozinha, vivo trancada em casa.
Sexta que vem vai ter um show de uma banda cover do Bon Jovi e eu sou louca, to criando coragem pra ir sozinha. Mas assim...você não se sente insegura? Tipo, estando sozinha você chama mais ou menos atenção?
E outra, eu não dirijo, teria que depender de táxi, o que encarece muito mais a noitada, mas não posso perder esse show! Você vai de carro?
Beijocas
insegura? Nunca me senti assim quando saí sozinha. Vou te indicar um outro blog, cujo o qual eu criei justamente pela repercussão desses textos sobre sair sozinha na noite. É o www.euvouprabaladasozinha.blogspot.com
Lá, você encontrará outros textos referentes as minhas aventuras.
Respondendo a mais uma das suas perguntas, é difícil saber se chamo mais ou menos atenção. Isso depende muito do lugar. Creio que num show...o fato de estar sozinha ou acompanhada não fará diferença. Esse detalhe passará despercebido.
Eu também não dirijo (tenho medo...acredite). Então, vou e volto de táxi...ou vou de ônibus e volto de táxi.
Uma coisa é certa: se é algo que te fará bem...só isso já não tem preço. Então, vá e aproveite. Sem medo de ser feliz!!! Curta o show e depois me conte.
beijos
nossa! Demorei muito tempo para responder, né? Peço desculpas...
Não se sinta desfocada...talvez todas as demais pessoas é que estejam...rs
Quando você sai sozinha a primeiro passo é encontrar o seu lugar no ambiente. Aquele em que você se encaixe o suficiente para apreciar todos os detalhes. Não se preocupe em ser vista, mas em ver. O que os outros podem pensar a seu respeito não é da sua conta...lembre-se sempre disso!!!
E viva...a sua vontade!