O frio da geladeira

No começo, a gente não entende a dinâmica do outro. Normal. Aí, passa um tempo e a gente pensa que começou a sacar. Até que surgem as quebras de padrão e tudo volta a ficar impreciso.

As sessões de “achômetro” tomam conta da gente. É tanta contradição envolvida que não se chega à conclusão alguma. O melhor mesmo é não tentar entender e viver um dia de cada vez. Mas vai falar isso para alguém tão racional como eu. Bobagem.

Eu o conheci do nada. Ele, um entre tantos. Eu, apenas mais uma entre várias. Mesmo assim, nos percebemos. Não sei quem notou quem primeiro, mas no final nos fundimos. Foi bom. E, por assim ser, nos vimos mais vezes. Espaçadamente. Depois, nem tanto. Mas calma, não é nada. O que temos é apenas uma lance.

De tempos em tempos, vem um distanciamento inesperado. Não sei ao certo se por tédio e enjoamento ou se para, propositalmente, esfriar um pouco as coisas e, ao mesmo tempo, colocar o outro na geladeira. Para que tal fato ocorra não há que se ter feito ou dito algo “errado”. Mas funciona assim.

Bom seria se, nesses intervalos, a distância fosse somente física. Mas não. É completa. Porque na geladeira não há espaço para as conversas e risadas. Nem as implicâncias cabem lá. É tudo frio e compactado.

Além disso, nunca se sabe por quanto tempo vai perdurar. Uma hora dessas pode ser definitivo. Sem aviso. E ainda assim terá valido. Mas se me fosse permitido, antes eu gostaria de dizer que queria ter dançado mais; que queria ter ido à aquela praia, mesmo com o tempo frio; e que fiquei com vontade do macarrão prometido.

No entanto, em geral, não nos é dado o tempo devido para dizer todas as coisas. Portanto, não espere a hora certa. Fale logo sobre as suas vontades ou pode te restar apenas a possibilidade de guardar contigo até que passem. Caso não consiga, a parte boa é que quase sempre passam.

Por Patricia Limeres – em 16 de agosto de 2017

Comentários

Postagens mais visitadas