TANTO FAZ não tem

Quando eu era criança, achava chato quando algum adulto dizia em tom de riso: “TANTO FAZ não tem!”. Sou capaz de lembrar até o tom que as pessoas costumavam usar nessas circunstâncias. Só agora entendo que chato mesmo é dizer TANTO FAZ. Pior ainda é ter postura de TANTO FAZ.

TANTO FAZ é coisa de quem não sabe decidir entre uma coisa e outra; um lugar e outro; uma pessoa e outra. É ficar em cima do muro. É não se posicionar. TANTO FAZ é também pouco caso, descaso, indiferença.

Impressionante que eu tenha levado tantos anos para me dar conta do quão importante e necessário foi ouvir, desde a infância e repetidas vezes: TANTO FAZ não tem. Aprender a escolher é coisa que se faz desde pequeno(a). Portanto, chego à idade adulta com a certeza de que tem gente adoidado por aí que ainda não aprendeu ou...será que apenas não cresceu?

Verdade seja dita. Se nos são dadas duas ou mais alternativas, a opção “TANTO FAZ” realmente não vale. Quem oferece as alternativas já fez a primeira triagem. Tá difícil escolher? Na dúvida, experimenta duas, todas ou até nenhuma. Afinal, recusa também é escolha. Mas escolha!

TANTO FAZ só vale quando não temos outra opção. E olhe lá, porque mesmo quando nos apresentam apenas uma opção, sempre há possibilidade de buscarmos outra(s), se assim quisermos. Do contrário, é como nos contentar com o famoso “se não tem tu, vai tu mesmo”. O que seria bem triste, cá entre nós.

Percebe como ninguém merece TANTO FAZ?
É triste para o emissor e frustrante para o receptor.

Então, façamos um trato. Quando o TANTO FAZ se aproximar, saia pela tangente; quando se encontrar à beira do TANTO FAZ, pare; quando o TANTO FAZ estiver ali, ao alcance da mão, recue. Não o toque. Deixe-o lá. Não tema que lhe escape. Garanto: ele estará sempre lá, fácil e à disposição. Enquanto isso, permita-se ousar algo que lhe exija o mínimo de coragem, ainda que seja para repetir escolhas anteriores. Porque até para se repetir é preciso decidir fazê-lo.

TANTO FAZ nem mesmo existe. Tenho de reconhecer que os adultos sempre tiveram razão: “TANTO FAZ não tem!”. É ilusório. É fuga. E já que é fuga, faça valer o título e fuja mesmo, mas fuja dele....do TANTO FAZ.


Por Patricia Limeres – em 03 de fevereiro de 2013.

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