Que caiam as máscaras

Você já se sentiu um verdadeiro idiota?
Ah...por favor, não se acanhe em admitir. Você não está só nessa. Eu, particularmente, que já experimentei dessa sensação por algumas muitas vezes na vida e achei, inclusive, que já estava vacinada com relação a essa armadilha...surpresa!!! Me senti novamente a mais verdadeira e a mais completa idiota. E isso tem bem pouco tempo. É recente.

E pior do que se dar conta de que a vestimenta de "idiota" lhe caiu como uma luva feita sob medida é não saber lidar com esse caimento perfeito. Afinal, quem quer ser feito de idiota?

Pior ainda é não conseguir identificar em que momento você foi seduzido. Não, não. O termo mais apropriado seria abduzido. Isso! Perfeito! Abduzido pela burrice que traz consigo a cegueira, a surdez e finaliza o processo de abdução com o implante da ausência total de percepção. Bom, pensando bem, nesse caso não seria bem um implante. Seria...uma espécie de extração? É, talvez seja mais ou menos isso. O fato é que você passa a não enxergar as coisas com nitidez. Tudo o que ouve vem com uma boa dose de distorção. E você não percebe. O encantamento não permite.

Sim, porque assim como a vestimenta de "idiota" veste bem em determinadas pessoas. A máscara do "eu sou do bem" também se encaixa perfeitamente em outras.

Há apenas uma diferença - essencial e definitiva - entre essas duas situações e esses dois tipos de pessoas. Para a pessoa que aceitou o papel (a vestimenta) de "idiota" resta o consolo de que, cedo ou tarde, a máscara da pessoa "eu sou do bem" cai. E, então, restará ao idiota a sensação única de decepção. Uma decepção que chega a doer, mas que passa. E quando passa, o idiota deixa de ser idiota e segue a vida mais forte e mais seguro de que pode ter sido ingênuo, mas nunca idiota.

Porque idiota mesmo é aquele que pensa que faz dos outros, idiotas. Porque esse, sim, é o verdadeiro idiota em tempo integral. Mesmo quando lhe cai a máscara, a carcaça ainda continua sendo O IDIOTA. O mesmo de antes e de sempre.

A única coisa comum nisso tudo é o tempo necessário para que tanto a vestimenta, quanto a máscara caiam, para revelarem o que, de fato, há por trás delas.

O mais bacana de tudo é que quando o peso de uma vestimenta, que lhe caiu bem por um determinado tempo, mas que não fazia o seu estilo sai das suas costas. Aí, você se abre para novas aventuras, emoções, sensações e experiências. Sem abduções, se possível. E nos caminhos, nas esquinas ou faróis, você pode sempre cruzar com pessoas interessantes, pessoas com defeitos aparentes, mas com os quais você pode lidar, sem máscaras. Sem falsas expectativas. Sem príncipes que viram sapos ou princesas que se transformam em gatas borralheiras. Apenas pessoas comuns. Pessoas especiais. Será? Vai saber...

Uma coisa é certa: quem vê cara e discurso feito, vazio e decorado, não vê caráter nem coração.

Por Patricia Limeres - em 15 de novembro de 2010.

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