Proteção ou fuga?

Tanto pra dizer e, mesmo assim, faltam-me as palavras.

Perdi as contas de quantas vezes apaixonei-me, entreguei-me e, por fim, decepcionei-me. Também foram muitas as vezes que me envolvi sozinha, sem a tal mão dupla, sem a troca tão desejada. Portanto, foram muitas as vezes que sofri por essa não correspondência.

Por tudo isso, criei uma camada protetora entre mim e o resto do mundo masculino. Passei a não acreditar em frases bonitas, promessas e discursos prontos. Tornou-se hábito observar cada detalhe, ouvir mais e falar menos e qualquer coisa aparentemente fora de lugar já era impedimento para dar continuidade a qualquer possível envolvimento. Eu queria estar no controle. Que ilusão a minha.

Tem sido assim há alguns bons anos. Nesse período, conheci algumas pessoas interessantes, mas as coisas não evoluíram, seja por um motivo ou outro. Simplesmente não vingaram. Muitas vezes eu até quis, esforcei-me. Porém, nem tudo acontece como a gente quer. Quando eu queria, o outro não correspondia. Quando o outro queria, eu não estava na mesma sintonia. E assim foi...

Agora, vejo que de nada adiantou tanta cautela, prudência e “controle”. O fato é que não estamos no controle de absolutamente nada. Apenas fingimos estar. Parece mais fácil viver com essa impressão.

Então, numa bela noite de sexta-feira deparei-me com a verdade. Quando o coração escolhe, não há camada de proteção capaz de impedi-lo. Você apenas sente e a intensidade é tão avassaladora que você se dá conta de que não é uma questão de tempo. Pode ser depois ou de imediato. Não existe regra.

E, eu, que achava que não ia mais me apaixonar, cá estou, apaixonada. No começo, eu neguei. Depois, tentei fugir...inúmeras vezes. Hoje, apenas aceito, mas não sem sofrimento. Não sem indignação. 

Por que? Mais uma paixão não correspondida. Quem precisa disso? Se fosse há tempos, eu diria que ninguém precisa e nem merece. Atualmente, eu vejo que, de uma forma de outra, todas as pessoas merecem saber e lembrar que são capazes de amar, ainda que amem sozinhas. Porque se a gente pode amar, a gente pode também ser amado.

Só sei que, independente de ser correspondida ou não, um lugar que estava adormecido e frio dentro de mim, acordou, iluminou-se e está novamente aquecido. Pode parecer loucura, mas é tão bom saber que ainda posso amar. É como renascer. É como uma segunda chance.



Por Patricia Limeres – em 02 de novembro de 2014.

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