O que vai dá lugar ao que está por vir

Ontem, eu chorei.
Não pela despedida. Acho até que já me acostumei com ela.
Já que foram tantas chegadas e partidas.
Creio que não tenha chorado pela ausência que se fará presente, novamente.
Não. Com essa também já estou habituada.

Em verdade, chorei pela mudança de rumo anunciada pela vida...e de última hora.
Sem aviso prévio ou algo assim.
Chorei pelas transformações que o tempo incute em nós e em nossos sentimentos.
Então, é possível que tenha chorado pela passagem veloz do tempo.
Assim como pelos desgastes causados pela distância e por esse mesmo tempo, que segue sem freio.
Chorei pela impossibilidade descortinada.
Pela dose de realidade que eu nem queria.

Simplesmente chorei.
Porque as lágrimas não mudam nada.
Apenas aliviam temporariamente o aperto que toma o lugar do outro.
Parece até que limpam. Mera impressão. Limpam coisa alguma.
Somente rolam, molham e, por fim, secam.

Nisso, elas não estão sós.
Nem mesmo elas estão sós.
Sim, porque o mesmo acontece com os sentimentos: secam e morrem.

E não me diga que não.
Morrem sim. Morrem para uns...
... nascem para outros.
Renascem também.
Dizem que adormecem, às vezes.

O fato é que , de alguma forma, se renovam.
Se analisarmos bem, não são os sentimentos que morrem, mas a emissão deles.
Os sentimentos são vivos e vivem em nós. Por vezes, obscurecidos pela dor ou decepção, é bem verdade. Mas estão lá e um dia retomam o seu espaço por direito.

E, então, te fazem chorar novamente. Ora de tristeza, ora de emoção. Mas, sobretudo, vão te provocar sorrisos, daqueles que até os olhos participam.

E é por esse dia que espero.
Porque ontem, eu chorei. Mas isso foi ontem.


Por Patricia Limeres – em 04 de abril de 2012.

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