É difícil ser quem fica

E por que não?
Foi essa pergunta que recebi como resposta ao indagá-lo sobre nós. Para ser mais exata, questionei se ele acha que teríamos dado certo juntos. Primeiro, considerei a evasiva como uma boa saída pela tangente. Depois, percebi que não havia uma resposta que qualquer um de nós pudesse dar que não fosse essa ou parecida.

Meses depois, lá estávamos mais uma vez frente a frente. Em princípio, apenas nós. E, então, com o reencontro, o assunto voltou a me ocorrer de repente e com força dobrada. É muito provável que a dúvida fique pairando no ar até que um dia o tempo a esclareça de vez ou apenas afaste-a naturalmente.

Foi bom revê-lo, mas foi também estranho. Como explicar algo assim?
É que entre as duas cadeiras e sobre a mesa havia tanta coisa e tanta gente, que na realidade já não éramos somente nós. Além disso, ao mesmo tempo em que podíamos nos tocar no alcance da mão, havia distância. Não igual àquela anterior, mas ainda maior.

Antes, a distância era geográfica, de alguém que vai pra longe, sem data pra voltar. No entanto, sua presença era forte e permanente. Posso dizer que foi a pessoa ausente mais presente, sem dúvida.

E foi assim, que mesmo distantes e sem que houvesse qualquer combinação, compromisso ou expectativa, eu o esperei. Esperei sem perceber ou admitir.

O tempo passou. Mais de ano. A minha rotina permaneceu inalterada. As notícias de lá eram frequentes e cheias de novidades e coisas interessantes. Enquanto as minhas...

Eram raras as notícias chatas ou indesejáveis vindas do lado de lá, mas houve uma em especial que me afetou. Não foi com surpresa que a recebi. Ao contrário, eu sabia que era passível de acontecer com qualquer um de nós. E aconteceu. Na confirmação da teoria, compreendi o quanto é difícil ser quem fica.

A informação mais difícil e que mais me abalaria veio mais tarde. Na época, não consegui lidar com ela. Foi demais pra mim. Hoje, sei que foi demais até pra ele. Assim como sei que embora agora esteja de volta, já não há espaços vagos em sua vida. Estão todos devidamente preenchidos.

O que me conforta é a certeza do que sentimos e, sobretudo, de que vivemos o que tínhamos para viver. Agora, é novo caminho e já não importa quem vai, nem tampouco quem fica. O que vale é saber quem segue...e eu sigo.

Por Patricia Limeres - em 12 de maio de 2013.

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