Despedidas

Sempre achei que seria fácil escrever sobre despedidas. Que ilusão a minha! É difícil falar ou escrever a respeito de coisas com as quais não sabemos lidar direito. É bem o meu caso. Não sei lidar com elas, desde as mais simples e temporárias até as mais complexas e "definitivas". Preciso aprender.

Para àquelas provacadas pela morte - aparentemente definitivas, eu encontrei respostas e entendimento na Doutrina Espírita. E aprendi que de "definitivas" elas não têm absolutamente nada. Até porque, na realidade, nada é definitivo. Não que isso diminua a dor e o vazio provocados pela perda.

Já para as despedidas do dia a dia...para essas não há traduções simples. Em alguns casos e repito, só em alguns casos, conseguimos enxergar e até apontar justificativas: caminhos, objetivos e momentos diferentes...mas e para todos os outros?

Quando eu era mais jovem, lembro-me que sempre me intrigou esse lance de pessoas surgindo e partindo de nossas vidas. Não conseguia e confesso que ainda não consigo compreender em termos gerais e concretos porque determinadas pessoas entram de maneira tão intensa para ficarem por um breve momento.

Quando situações assim ocorrem, fico me perguntando: se não era para ficar, então, por que veio? Até hoje não encontrei resposta objetiva. Sei que nada acontece por acaso. Também sei que tudo que nos acontece nos traz algum ensinamento, ainda que não consigamos perceber de pronto. Às vezes, não só aprendemos, mas também ensinamos. Aceito e reconheço todos essas premissas como verdades. Não as questiono. No entanto, o peso da despedida ainda pesa, entende?

É curioso como existem pessoas presentes em nosso cotidiano que até gostaríamos que seguissem um caminho diferente do nosso. Esse seria um tipo de despedida desejada. Só que não. Essas pessoas normalmente permanecem ali, não se despedem. Existem também aquelas que independente da nossa vontade...precisam ir. Em contrapartida, tem gente que cruza o nosso caminho e segue conosco sem prazo determinado para mudar de rota. E há também quem entre na nossa vida com data marcada para sair.

Quando uma situação como essa nos é apresentada, temos a falsa impressão de que será mais fácil administrar. Afinal, a despedida já é certa e a convivência tem prazo de validade anunciado. Faz-me rir! Pura enganação. Não é simples, não. Posso garantir. Tive a confirmação. Nesta manhã, deparei-me com o vencimento do tal prazo anunciado previamente e posso dizer que as despedidas, anunciadas ou não, são tão despedidas quanto as demais.

Por tudo isso, o importante mesmo não é o tempo que desfrutamos com as pessoas, mas o que foi vivido com elas. Porque isso fica conosco, guardado nos melhores lugares existentes em nós. Ninguém nos tira as memórias. São nossas e possuem as cores, os aromas e o tempo que escolhemos.

É certo que quem partiu vai deixar saudade. Saudade boa! Prova disso é que, ao final do dia, quando adentrei minha casa, ainda parecia presente. Cada detalhe, cada objeto fora de lugar fez-me sentir e lembrar. Então, resolvi que, só por hoje, vou deixar tudo exatamente como está, na tentativa vã de estender a sua permanência.

Por Patricia Limeres - escrito em 06 de dezembro de 2010.

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