Campo minado

Frustradas as tentativas de escrever sobre as minhas recentes vivências.
Sinto vontade, para não dizer necessidade urgente de escrever, libertar os sentimentos que estão todos aqui, trancafiados em mim. Quero, mas não consigo.

Estranho. Sempre me foi tão natural e fluente a escrita. Será que as decepções me tiraram até isso? Se sim, quero de volta. Devolvam-me!

Tanto a dizer, sobre tantas coisas...e todas ao mesmo tempo. Sim, porque não as consigo dissociar. Não até agora. Elas estão todas juntas, unidas pelo mesmo momento. O momento em que aconteceram e acontecem.

Não é à toa que me faltam as palavras apropriadas. Talvez sejam tantas as palavras que minha mente se faz campo minado. E, entre intervalos muito curtos de tempo, é bombardeio. Preciso desativar as bombas, mas como?

Ainda não sei. Não descobri. Mas não me rendo. Me recuso. Se não digo, escrevo; se não escrevo, grito; e se não grito, calo em protesto. 

A minha palavra (dita ou escrita) pode ter a força e a energia de um tapa ou a leveza e o frescor de uma leve brisa em dia de verão. O meu grito pode ser apenas um apelo desesperado por silêncio interno. Porque em mim parece nunca haver silêncio. Ao mesmo tempo, o meu silêncio traduz-se, às vezes, em grito.

Então, se me encontro em silêncio prolongado, cuidado! Pode ser um sinal de alerta. Aquele grito rouco que dou por dentro pode ferir os seus tímpanos.

Por Patricia Limeres - em 25 de fevereiro de 2011.

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