A medida exata

Por tantas vezes, momentos e situações flagrei-me pecando pelo excesso ou pela falta. O pior é que tais flagras sempre se deram quando não me restava mais tempo para corrigir o rumo das coisas. 

O que mais me incomoda? É pensar que foram tantas as vezes, que já não me é possível sequer numerá-las. Perdi o controle e, hoje, me faltam dedos entre mãos e pés para contar. Assusta-me um pouco constatar isso porque, de certa forma, é como confirmar a minha inabilidade quase irritante e inquietante de lidar com as medidas do tempo, das coisas e das pessoas. E, à medida que chego a essas conclusões ou suposições, questiono-me: o que ainda preciso aprender? Quanto tempo levará para perceber qual é a lição?

Ao mesmo tempo em que penso nisso tudo, indago-me também: de que adiantaria ter dedos suficientes para contar, memória grande o bastante para armazenar esses números ou até facilidade matemática para somar e/ou multiplicar os dedos para, assim, chegar a um resultado exato, se esse resultado não me levaria a lugar algum nem a solução nenhuma? Porque, queiramos ou não, o tempo das coisas, dos momentos e das pessoas não é exato, não é medido nem tampouco calculado e, mesmo assim, ainda dura o tempo exato da sua existência e passa sem que possamos tomá-lo para nós por tempo indeterminado.

Talvez o número exato de vezes em que perdi a medida me levasse apenas ao choque. Sim, porque quase sempre as minhas atitudes extremadas ou impensadas me trouxeram à luz aquele companheiro indesejado ao qual eu procuro evitar e, por simples ironia, parece que quanto mais o evito, mais me aproximo dele: o arrependimento. E por quantas vezes eu excedi ou fiquei à margem foi exatamente por quantas vezes e momentos em que ele dominou-me, atormentando meus pensamentos, apossando-se dos meus sentimentos e torturando-me com as habituais conjecturas do “e se...”

Enquanto permaneço aqui matutando, matutando...fico tentando desvendar a receita, ou seria a dose? Na realidade eu diria “o mistério” do tão famoso, mencionado e almejado equilíbrio. Afinal, alguém saberia me dizer, sem receio de errar, qual é a medida exata...

... do carinho?
... da atenção?
... da ausência?
... da indiferença?
... da verdade?
... da transparência?
... da confiança?
... da entrega?
... do silêncio?
... da espera?

São tantas as perguntas... e eu continuo sem saber as respostas. Não as respostas exatas.

Por Patricia Limeres - em 29 de abril de 2010.

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