Amuleto

Se não é inferno astral é puro e mero azar mesmo. Se for a primeira opção, o consolo é que meu aniversário está chegando, finalmente. Já se for a segunda, só me resta sentar, chorar e rezar, para que um vento bem forte arraste essa nuvem cinza que me acompanha há meses para longe, muito longe.

Até cheguei a pensar que a palavra férias também atraísse má sorte. É sério. Tenho alguns episódios que envolvem férias que são de fazer pensar a respeito. A começar pelo ano em que tive uma crise de cólica renal justamente na primeira semana de minhas férias. Nem preciso relatar o resto delas, certo? Vale dizer que foi a primeira e a última vez que tive essa crise, graças a Deus! Porque não desejo aquelas dores nem ao pior dos seres humanos.

Em 2009, aproveitei as férias para fazer minha pesquisa de campo, em Tocantins, e finalizar meu trabalho de conclusão da pós-graduação. No primeiro dia de viagem, tropecei num pino de ferro preso ao chão e abri um talho no pé, que ficou parecendo uma batata roxa. Dias depois, estourou herpes nos lábios e fiquei parecendo um monstrinho. Para piorar tudo, minha câmera fotográfica deu pau e eu perdi todas as fotos de registro da pesquisa. Tive que pedir as fotos do grupo de teatro ao qual estava pesquisando. Ufa! Meu relatório de pesquisa foi salvo por eles.

Agora, nas férias de 2012 – primeiro mês do ano, uma conjuntivite vem me visitar na segunda semana de férias, às vésperas do meu aniversário. É mole ou quer mais? Não é possível!!! Parece mentira ou brincadeira, mas não é. Tenho testemunhas para todos os casos mencionados. São fatos!

Mas dessa vez, a conjuntivite foi só a gota d´água. Toda a onda de azar começou já tem algum tempinho, mais precisamente em novembro de 2011. E, de lá pra cá, não parou. Estou até começando a ficar preocupada.

Como ia dizendo, em meados de novembro, fui fazer a velha e famosa faxina na casa e quando arrastei meu criado mudo para varrer e passar pano, surpresa!!! Deparei-me com uma cena de terror. O rodapé de madeira (instalado juntamente com o carpete de madeira nas minhas últimas férias, em janeiro de 2011) estava todo desenhado. Uma verdadeira obra de arte. Sim, isso mesmo que está pensando: cupins na área. Invasores infernais. Resultado: tive de dedetizar o apartamento todo. Além disso, trocar o piso de madeira ainda novíssimo por piso frio. Inclusive, a troca será feita agora, nas férias de 2012. Veja como as férias estão sempre envolvidas, de uma forma ou de outra. Medo, viu!?

Dias depois de descobrir os cupins, comecei a perceber que minha cabeça estava coçando e cada vez com mais freqüência. Em princípio, achei que fosse de aflição em pensar nos cupins agindo nos bastidores, pois fiquei impressionada quando os rodapés foram retirados. No entanto, os dias foram passando e a coceira continuava. Então, lembrei de algo que faz coçar a cabeça. Caspa? Não. Piolhos mesmo! É incrível, mas depois de macaca velha lá vou eu para farmácia comprar shampoo, pente fino e um comprimido que inibe a infestação de piolhos. Fazia tanto tempo que eu nem sabia o que era piolho que eu nem fazia ideia de que existisse comprimido. E o mais louco de tudo é que não é para meus filhos ou sobrinhos...é pra mim. Só não me pergunte de quem peguei, porque não faço ideia.

Depois de tudo isso, recebi notícias de muito longe que me entristeceram, me desanimaram e me fizeram repensar a vida e o que posso ou devo esperar dela: absolutamente NADA!; ou, contrariando todos os indícios, TUDO!

Ah, não poderia deixar de mencionar que recebi um presente surpresa, via Correios, que me encheu o coração de alegria, mas não consigo colocá-lo em funcionamento. Frustrante.

Os primeiros dias de férias foram proveitosos. Os dois primeiros dias, eu digo. Depois, só tempo nublado e chuva. Até o momento presente, esse em que me encontro em frente ao computador com os olhos vermelhos, ardendo e coçando, em virtude da incoveniente conjuntivite. Momento em que eu estaria no show do Exaltasamba, na Capital Disco, em Santos/SP.

É, acho que o mar não está pra peixe mesmo. Sei que pensamento negativo atrai energia negativa, mas não trata-se de pensamento. São fatos e não coincidências.
Só não posso esquecer que junto com o presente que ganhei - aquele que ainda não consigo desfrutar por um mero detalhe técnico que vou resolver o quanto antes, veio uma ficha de U$ 1,00 diretamente do cassino de Las Vegas. Quem me presenteou com ela disse que é o dólar da sorte. E, eu, que nunca acreditei muito em amuletos de sorte, aposto que essa ficha vai fazer girar a roda da fortuna e mudar a minha sorte para melhor.

Porque simplesmente não há inferno astral ou onda de azar que sejam capazes de tirar a minha alegria de viver e de estar viva. A conjuntivite vai passar, assim como tudo na vida passa.

Por Patricia Limeres – em 12 de janeiro de 2012.

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