Só parece

Parece tudo tão errado.
Fora de lugar.
Mas só parece.
O errado, por ironia, se torna certo, às vezes.
E fora de lugar estou eu. Apenas eu.

Parece tudo tão estranho.
Fora de compasso.
Mas só parece.
O estranho ocupa o mesmo espaço do normal.
E tom, ritmo e tato são meros detalhes de cada um.

Parece tudo tão absurdo.
Fora do eixo.
Mas só parece.
O absurdo já não choca. É lugar comum.
E eixo é algo que, na verdade, não se quer.

Parece tudo tão quieto.
Fora do ar.
Mas só parece.
Porque por dentro nada cala.
Nada cessa. É sempre recomeço.
E fora do ar é um estado que procuramos atingir, em vão, para ouvir aquilo que não escutamos.

Parece tudo tão impreciso.
Fora do foco.
Mas só parece.
Porque o foco é justamente descobrir o caminho.

Parece tudo tão igual.
Parece tudo tão previsível.
Parece tudo tão monótono.
Parece tudo tão incômodo.
Parece tudo tão vazio.
Parece tudo tão injusto.
Mas só parece.

Escrito por Patricia Limeres – em 22 de junho de 2011.

Comentários

Anônimo disse…
Eu adoro vc

Postagens mais visitadas