Os tamanhos que somos e podemos ter
Tem dias em que nos sentimos gigantes. Não raro, nas noites desses mesmos dias, no entanto, nos reduzimos ao menor dos tamanhos. Nos apequenamos, por nós mesmos ou pelos outros.
Não quero falar do porquê, até porque, em verdade, costumam
ser tantos, se somam e misturam de tal forma que, no final das contas, já nem
sabemos a causa raiz...o gatilho.
Quero falar sobre essa roda gigante de sentir-se grande e
pequeno – pequeno e grande em curtos espaços de tempo.
Antes de adentrar nos meandros das sensações, peço licença
para transitar da terceira pessoa do plural, para a primeira pessoa do
singular, já que vou falar a partir da minha própria experiência e perspectiva.
Afinal, não posso falar sobre o sentir do outro, quando muitas vezes mal dou
conta de traduzir o meu.
O fato é que, em geral, para ser bem honesta comigo e com
você, não sinto-me grande, nem pequena. Posso dizer que fico na linha de mediana.
Confesso que é até mais confortável esse lugar do meio. Porque nele não há ego,
tampouco modéstia. Apenas o equilíbrio e a consciência de que não sou melhor ou
pior que ninguém, assim como não estou acima ou abaixo de ninguém.
Profissionalmente e financeiramente, sim, não tem como negar a realidade, não é
mesmo?
Mas, como ser humano, mulher, pessoa é assim que me percebo
e quero me perceber. Sou errante. Assim sendo, é certo que vou acertar e
falhar. É entre um e outro que oscilo de tamanho.
Quando acerto nos meus feitos, sinto-me grande, gigante até.
E penso: nossa, como eu sou foda! Porque sou mesmo, eu sei. Já quando erro ou
até mesmo quando erram comigo, sinto-me menor, pequena, quem sabe até
desinteressante, insignificante.
E tudo bem, pois ambos momentos e sentimentos passam e me
fazem olhar pra mim, pra minha trajetória e lembrar de quem eu sou aqui dentro
e, sobretudo, como lido com tudo isso que sou na convivência e vida coletiva.
E é nesse processo de refletir sobre como os acontecimentos
externos impactam o interno que vou
reforçando a convicção de que o meu verdadeiro valor está nessa capacidade
natural de transitar entre a força e a fragilidade que habitam em mim.
Em me sentir grande e foda, mas, ao mesmo tempo, me questionar:
e daí? Que diferença faz? Em me sentir pequena, assumir isso e identificar a
grandeza que há por trás desse acolhimento.
Escrevi tudo isso porque ontem foi um desses dias em que, entre
o amanhecer e o cair da noite, eu me senti grande e pequena. Não foi o
primeiro. Certamente também não será o último. Mas a cada vez que acontece, me
desperta ainda mais a cerca de quem sou e quero me tornar. Me ajuda a aceitar-me
e amar-me como sou: grande, pequena ou simplesmente mediana.
Por Patricia Limeres - escrito em 12 de março de 2022.
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