Pelo fim da terceirização

Em tempos em que tanto se fala sobre terceirização, nada mais conveniente do que aproveitar para também terceirizar culpas, não é mesmo?

Pois é...tem sido assim nos ambientes profissionais, no setor econômico e no cenário político. Virou moda. Há um outro tipo de terceirização que não é tão recente assim. Ocorre desde há muito tempo. Trata-se da terceirização da culpa nos relacionamentos, sejam eles familiares, sociais ou amorosos. Aqui, vou abordar especificamente os amorosos.

Não sei dizer o número de vezes em que o meu celular vibrou ou apitou alerta de mensagens de sms, Whatsapp ou no in box do Facebook com abordagens de homens comprometidos (não vou entrar no mérito do status dos compromissos). Algumas aparentemente despretensiosas, outras nem tanto.

Também já me deparei com a situação de ser paquerada em um restaurante durante o almoço de domingo por um homem acompanhado de sua esposa. Pasme! Fiquei tão incomodada e constrangida ao ponto de trocar de mesa em meio à refeição. Dizem por aí que os incomodados é quem devem se mudar, pois foi exatamente o que eu fiz.

Estou certa de que enquanto leem esse texto, muitas outras mulheres irão se identificar com tais relatos. Porque passar por situações como essas não é "privilégio" meu. Não mesmo! Aliás, são cenas cada vez mais comuns na sociedade tão sem limites em que nos encontramos.

E aí...e aí...é que vem um sem números de pessoas para apontar o dedo em riste e culpar as mulheres que são assediadas por esses caras insaciáveis. Sim, porque é muito mais fácil encher a boca para chamar de VAGABUNDA, VADIA, entre outros elogios mais. Difícil mesmo é admitir que o homem que decidiu dividir uma vida com quem quer que seja não tem a ombridade de cumprir com a promessa feita. Mais que isso. Não tem a honestidade, a coragem, a decência de tratar a sua insatisfação na raiz. Ou talvez nem haja insatisfação. Seja apenas a necessidade de buscar diversão.

Então, nesse contexto de faz de conta, as mulheres alvo tornam-se as vadias e, os homens, as vítimas. Veja que curiosa a inversão de papeis.

Não estou aqui saindo em defesa de mulheres que saem com homens comprometidos. Elas têm a sua parcela de responsabilidade,no que se refere ao conceito de certo e errado. Existem as que até gostam dessa posição, embora eu realmente custe a acreditar nisso de verdade, mas há quem diga que sim. A questão é que, na maior parte das vezes e dos casos, elas são assediadas inúmeras vezes, são acionadas, são tentadas até que, uma hora ou outra, por uma razão ou por outra, cedem. E...uma vez cedendo...são rebaixadas à pior das espécies.

Só vale lembrar um detalhe: elas, em geral, são LIVRES! Não possuem qualquer tipo de compromisso ou relacionamento. O mal que fazem atinge somente a elas próprias.

É muito comum ouvirmos que as "outras" ou as "amantes" destroem famílias. Oi? Pera aí! Quem destrói a família é aquele que rompe os laços da confiança, que desrespeita a família que formou, que vai procurar fora aquilo que já possui dentro de casa. Então, por favor, mudemos essa mentalidade que favorece o traidor. O compromisso com a esposa e com a família é dele. O compromisso com a relação é do casal. Não se pode transferir essa responsabilidade.

Outra pérola muito frequente é a de que amante é "mal amada". Aí, eu fico pensando: ah sim, porque realmente a mulher traída é muito bem amada! É capaz. ACORDA, Alice! Fala isso, não! Presta atenção!

De nada adianta a amante chamar a oficial de "corna" ou a oficial chamar a amante de "puta". Nesse caso, a oficial e a outra estão desempenhando o mesmo papel: de palhaça! Enquanto isso, no altar, está lá o cara se achando o comedor. O poderoso. O esperto. O gostosão. Então, não venham pedir para as amantes se valorizarem. Valorizem-se também!

Outro dia, ouvi num vídeo a maior das aberrações já dita por uma mulher. Ela dizia, com toda a propriedade, entre outras bobagens, que sexo é necessidade fisiológica e que, portanto, o homem pode fazer sexo com qualquer uma que possa servir de depósito de sêmen, mas que amor de verdade ele faz com a companheira, na cumplicidade da vida a dois. Espera aí que eu vou ali vomitar.

Dá para perceber o absurdo dessa fala?
E o pior é que saiu da boca de uma mulher. Não dá para acreditar em algo assim. Me assusta um pensamento tão machista vindo de uma fêmea. Só posso ficar chocada!

O dia dos namorados se aproxima e, nessa época, todos os casais se declaram abertamente apaixonados. Acho lindo! Com exceção, é claro, daqueles casos cujos quais já recebi aquelas mensagens que mencionei antes. Eu nem sei o que acho desses, sinceramente. Tristes, talvez. Sim, porque deve ser bem triste ter uma relação que não supre, que não preenche, que não suporta os anseios, desejos e necessidades. Mas, mais triste ainda é permanecer nela. Veja, eu só acho.

Quem sou eu para achar algo?
Sou solteira. Desimpedida. Livre.
Em parte, por não acreditar mais nas relações. Ou melhor, por não acreditar mais na capacidade das pessoas em se relacionarem com verdade.

Independente disso, a minha torcida é no sentido de que um dia a mentalidade da sociedade mude, amadureça. O mesmo direito que o homem comprometido tem de procurar uma aventura fora da relação é o direito que a mulher solteira tem de aceitar as investidas do homem comprometido. Simples assim. O que difere um do outro? NADA! Ambos estão errados. Só isso!

No mundo dos sonhos, pelo qual eu torço, ele não a procuraria e ela, portanto, não cederia. E todos viveriam felizes e bem amados para sempre!

Por Patricia Limeres - em 08 de junho de 2017.

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