Desculpe, foi engano!
Sexta-feira. Uma sexta-feira como outra qualquer. Um grupo de amigas resolve sair para badalar. Todas solteiras. Solteiras apenas não, o termo mais adequado seria encalhadas. Desesperadas, talvez. Embora umas mais, outras menos.
O dia transcorreu em meio a definições e planos para a tão esperada noite. O primeiro passo foi escolher o local. Foram necessários vários telefonemas e e-mails entre elas até que, finalmente, o local foi selecionado. O segundo passo e menos complexo foi definir o horário. O fator mais complicado viria mais tarde, já que seria praticamente impossível garantir que todas respeitariam o horário pré-estabelecido.
Atrasos à parte, o lugar era agradável. Boa música. Gente interessante. Resumindo, um ambiente totalmente favorável à paquera e azaração. Elas estavam lindas, cada qual a sua maneira e estilo. Todas eram sorrisos de orelha a orelha, irradiando simpatia.
Não tardou muito até que fossem notadas e observadas. A partir de então, outros tantos sorrisos de orelha a orelha chegavam até elas, vindos dos mais diversos ângulos. Por mais que os rapazes interessados se fizessem perceber, nenhum deles despertava o interesse das belas moças. O que gerou certo estranhamento entre elas, haja vista a ansiedade contida em relação aos previsíveis flertes noturnos.
O fato é que nenhum sininho tocara e nem tampouco nenhuma luz acendera até que, em meio à multidão concentrada no local, surgiu o cara que atraiu a atenção não apenas de uma delas, mas de todas. Evidentemente não foi um despertar de atenção sincronizada. Cada uma o notou a seu tempo. Assim, ele passou a ser o alvo do grupo, sem desconfiar disso.
Como toda turma tem vários “tipos”, o grupo das solteiras ansiosas por companhia, não fugia a essa regra: Viviane (confiante, segura, auto-suficiente); Claudia (neutra); Clara (humilde e insegura); e Cristina (segura e determinada).
Viviane, com sua iniciativa característica, assim que identificou o rapaz adiantou-se dizendo que já tinha avistado seu alvo e o apontou para as colegas, sem muita discrição. Claudia, por sua vez, percebeu que se tratava do seu alvo e optou por não entrar na disputa e procurar outro alvo. Já Clara, precisou fazer um enorme esforço para não deixar transparecer o seu descontentamento ao ter de abrir mão do príncipe finalmente encontrado. Numa reunião de esforços, ela olhou para ele, em seguida olhou para Viviane e apenas sorriu forçosamente. E, por fim, Cristina, se divertindo com a situação, virou-se para Viviane e desafiando-a, disse: ah...que coincidência! Terá de disputá-lo comigo.
A noite transcorreu nesse clima. Viviane e Cristina lançavam olhares e sorrisos a todo momento e o rapaz, por sua vez, correspondia. Elas só não conseguiam identificar, ao certo, a qual das duas. Clara se forçava a desistir de uma vez por todas, mas não conseguia desviar o foco e mantinha o olhar disfarçado direcionado ao tão disputado rapaz, que nem a notara. Nessa altura, Claudia já conversava, de forma descontraída, com seu próximo alvo. Afinal, a fila anda.
Passadas algumas horas, o rapaz fez menção de se aproximar. A aproximação não foi imediata. Ocorreu aos poucos. Os olhares e sorrisos continuavam frequentes, mas sempre rápidos e ligeiros. Quanto menor a distância que o afastava delas, maior era a ansiedade de ambas. O suspense continuava. Viviane ou Cristina: qual das duas seria a felizarda? Ele dirigiu-se diretamente à Viviane, que eufórica, o recebeu com um sorriso largo, acompanhado de muito charme. Cristina, imediatamente admitiu a derrota e voltou a conversar com Clara, que procurava demonstrar indiferença.
Ele apresentou-se naturalmente a Viviane e disse: gostaria de lhe pedir uma coisa, mas estou meio sem jeito. Ela, não cabendo mais em si, respondeu: sem jeito? Imagina! Peça. Então, ele aproximou-se ainda mais e, junto ao seu ouvido, disse baixinho: você poderia apresentar-me a sua amiga tímida. Estou tentando, incansavelmente, estabelecer um contato com ela através do olhar, sem sucesso. Como você me pareceu bastante simpática e comunicativa, resolvi recorrer a você. Pode me ajudar?
Sem uma reação imediata, Viviane gaguejou até reencontrar o chão que havia desaparecido diante dos seus pés. Quando se recuperou, alguns segundos depois, o levou até a "amiga tímida" e com um tom sem graça fez a apresentação informal. Matheus, esta é Clara. Clara este é Matheus. Os dois se olharam e notadamente trocaram palavras em silêncio. O mundo ao redor parecia não mais existir para os dois.
Enquanto isso, as amigas de Clara - a mocinha tímida, humilde e insegura - se distanciavam lentamente, olhando para trás com expressão de interrogação até que Cristina, em tom provocativo e sarcástico, vira-se para Viviane e diz: eu perdi algum detalhe ou isso foi uma espécie de desculpe, foi engano?
Por PATRICIA LIMERES - em abril de 2007
O dia transcorreu em meio a definições e planos para a tão esperada noite. O primeiro passo foi escolher o local. Foram necessários vários telefonemas e e-mails entre elas até que, finalmente, o local foi selecionado. O segundo passo e menos complexo foi definir o horário. O fator mais complicado viria mais tarde, já que seria praticamente impossível garantir que todas respeitariam o horário pré-estabelecido.
Atrasos à parte, o lugar era agradável. Boa música. Gente interessante. Resumindo, um ambiente totalmente favorável à paquera e azaração. Elas estavam lindas, cada qual a sua maneira e estilo. Todas eram sorrisos de orelha a orelha, irradiando simpatia.
Não tardou muito até que fossem notadas e observadas. A partir de então, outros tantos sorrisos de orelha a orelha chegavam até elas, vindos dos mais diversos ângulos. Por mais que os rapazes interessados se fizessem perceber, nenhum deles despertava o interesse das belas moças. O que gerou certo estranhamento entre elas, haja vista a ansiedade contida em relação aos previsíveis flertes noturnos.
O fato é que nenhum sininho tocara e nem tampouco nenhuma luz acendera até que, em meio à multidão concentrada no local, surgiu o cara que atraiu a atenção não apenas de uma delas, mas de todas. Evidentemente não foi um despertar de atenção sincronizada. Cada uma o notou a seu tempo. Assim, ele passou a ser o alvo do grupo, sem desconfiar disso.
Como toda turma tem vários “tipos”, o grupo das solteiras ansiosas por companhia, não fugia a essa regra: Viviane (confiante, segura, auto-suficiente); Claudia (neutra); Clara (humilde e insegura); e Cristina (segura e determinada).
Viviane, com sua iniciativa característica, assim que identificou o rapaz adiantou-se dizendo que já tinha avistado seu alvo e o apontou para as colegas, sem muita discrição. Claudia, por sua vez, percebeu que se tratava do seu alvo e optou por não entrar na disputa e procurar outro alvo. Já Clara, precisou fazer um enorme esforço para não deixar transparecer o seu descontentamento ao ter de abrir mão do príncipe finalmente encontrado. Numa reunião de esforços, ela olhou para ele, em seguida olhou para Viviane e apenas sorriu forçosamente. E, por fim, Cristina, se divertindo com a situação, virou-se para Viviane e desafiando-a, disse: ah...que coincidência! Terá de disputá-lo comigo.
A noite transcorreu nesse clima. Viviane e Cristina lançavam olhares e sorrisos a todo momento e o rapaz, por sua vez, correspondia. Elas só não conseguiam identificar, ao certo, a qual das duas. Clara se forçava a desistir de uma vez por todas, mas não conseguia desviar o foco e mantinha o olhar disfarçado direcionado ao tão disputado rapaz, que nem a notara. Nessa altura, Claudia já conversava, de forma descontraída, com seu próximo alvo. Afinal, a fila anda.
Passadas algumas horas, o rapaz fez menção de se aproximar. A aproximação não foi imediata. Ocorreu aos poucos. Os olhares e sorrisos continuavam frequentes, mas sempre rápidos e ligeiros. Quanto menor a distância que o afastava delas, maior era a ansiedade de ambas. O suspense continuava. Viviane ou Cristina: qual das duas seria a felizarda? Ele dirigiu-se diretamente à Viviane, que eufórica, o recebeu com um sorriso largo, acompanhado de muito charme. Cristina, imediatamente admitiu a derrota e voltou a conversar com Clara, que procurava demonstrar indiferença.
Ele apresentou-se naturalmente a Viviane e disse: gostaria de lhe pedir uma coisa, mas estou meio sem jeito. Ela, não cabendo mais em si, respondeu: sem jeito? Imagina! Peça. Então, ele aproximou-se ainda mais e, junto ao seu ouvido, disse baixinho: você poderia apresentar-me a sua amiga tímida. Estou tentando, incansavelmente, estabelecer um contato com ela através do olhar, sem sucesso. Como você me pareceu bastante simpática e comunicativa, resolvi recorrer a você. Pode me ajudar?
Sem uma reação imediata, Viviane gaguejou até reencontrar o chão que havia desaparecido diante dos seus pés. Quando se recuperou, alguns segundos depois, o levou até a "amiga tímida" e com um tom sem graça fez a apresentação informal. Matheus, esta é Clara. Clara este é Matheus. Os dois se olharam e notadamente trocaram palavras em silêncio. O mundo ao redor parecia não mais existir para os dois.
Enquanto isso, as amigas de Clara - a mocinha tímida, humilde e insegura - se distanciavam lentamente, olhando para trás com expressão de interrogação até que Cristina, em tom provocativo e sarcástico, vira-se para Viviane e diz: eu perdi algum detalhe ou isso foi uma espécie de desculpe, foi engano?
Por PATRICIA LIMERES - em abril de 2007
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