Invisibilidade

 Almejada e temida. Um paradoxo. 

Incontáveis os dias em que me flagro clamando por ela em pensamento. 
Nesses dias iniciados e terminados sem que meu desejo secreto tenha sido atendido, daria tudo por uma capa da invisibilidade, a exemplo de Harry Potter, para simplesmente desaparecer aos olhos de quem quer que seja. 

Todavia, objetos mágicos se restringem ao universo dos filmes e livros. Aliás, é bem por isso que visito esse universo com tanta frequência. No mundo da fantasia, a magia é sempre passível de acontecer. 
Na vida real tudo é tão somente o que é, embora mascarado às vezes. Ainda assim, o efeito ilusório da máscara é curto. Quando olhamos bem de perto, lá está. Apenas o que é. Mais nada. 

No paralelo, é estranho não ser vista, percebida. Desconfortável, eu diria. Senti esse incômodo em certas ocasiões, ambientes e épocas. É uma sensação de não existir, não ali, naquele momento e lugar. É como se eu estivesse observando de fora estando dentro. Curioso, no mínimo. Não me cai bem esse sentimento, confesso. 

E não pense que estou me referindo a aparecer, ter destaque. Não é sobre isso. É sobre existir. Fazer parte. Pertencer. Estar. Ser. 

Com base na minha experiência, não é bom ser ou se sentir invisível. Não o tempo todo. Só às vezes. 
Mas, pra você, que já se percebeu invisível...e não me venha dizer que nunca aconteceu porque seria mentira, eu tenho uma boa notícia!

Você não é invisível. Mesmo que acredite ser. As pessoas te veem, mesmo quando você acha que não. Possivelmente você estava sendo vista(o) por quem você não viu. 

A verdade é que muitas vezes, quase sempre, contemplamos discreta e silenciosamente. Acho que tem um quê de magia nisso. 

Por Patricia Limeres, em 21/6/2025.

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